CACILDA DE ASSIS "UMA VIDA DEDICADA AO SEU 7 ENCRUZILHADAS REI DA LIRA"
"É trabalhando que se vence a guerra, é trabalhando que se conga, então vamos trabalhar sempre no caminho do bem!!"
Primeiramente gostaria de agradecer ao Senhor Adão
Lamenza, que me auxiliou na pesquisa sobre a vida de Dona Cacilda e se propôs a
responder algumas perguntas que lhe foram enviadas. O Sr. Adão Lamenza cambonou
Dona Cacilda por 30 anos e presenciou grande parte das curas e milagres que Seu
Sete da Lira realizou. Agradeço também ao Grupo de Estudos da Tenda de Umbanda
Filhos da Vovó Rita por me oportunizar a pesquisa e o conhecimento da vida
dessa mulher fantástica que foi Dona Cacilda de Assis.
Cacilda de Assis foi uma figura importantíssima e polêmica na historia da religião na década de 70 e 80. Nascida em 15 de março 1917, na Cidade Fluminense de Valença, filha de fazendeiros, até os cinco anos de idade era uma menina comum, quando então começou a pedir para sua mãe que lhe desse um cachimbo. Achando aquilo ridículo, sua mãe lhe prometia uma boa surra, mas isso não resolvia, até que Cidinha (como era chamada) conseguiu um cachimbo e fumava escondida nos matos da fazenda em Valença. Em seguida veio o álcool, Cidinha começou a pedir cachaça para os Pais, em uma dessas ocasiões sua mãe lhe deu um litro de álcool, o qual Cidinha bebeu tudo e voltou a ficar "tranqüila", não lhe acarretando nenhum mal.
Mudou – se para o Rio de Janeiro. Aos sete anos de idade
ocorreu a primeira manifestação espiritual. Em seu aniversário de sete anos
tudo corria normalmente, quando de repente Cidinha desmaiou e entrou em coma
profundo. Um de seus tios conhecia uma "rezadeira", contou a situação
de sua sobrinha e descobriu que ela poderia ser curada. Porém, os pais de
Cidinha não queriam que essa rezadeira fosse até a sua casa. Como a situação de
Cacilda não melhorava os pais acabaram aceitando. Com um copo de água e uns
"cantos misteriosos" Cacilda melhorou, e a rezadeira descobriu que
ela estava sendo "possuída" por uma entidade espiritual e recomendou
que Cacilda fosse levada até um Centro Espírita.
Levada ao Centro Espírita, manifestou-se o Seu Sete Encruzilhadas Rei da Lira.
A partir dali, Cacilda ficou curada e começou a realizar curas que, até então,
ninguém conseguia explicar.
Em 13 de junho de 1938, o Pai Benedito Galdinho do Congo
fez seu assentamento na Mina de Santé, em Coroa Grande no Rio de Janeiro, onde
ficava a Tenda Oriental de W.W. Da Matta e Silva. A partir de então, Cacilda
começou a trabalhar oficialmente com o "Seu Sete", mas foi formada
Yalorixá no Terreiro Pai João do Congo, Mangaratiba – RJ, e seguia a Umbanda
Traçada. Filha de Xangô e Iansã, além do Seu Sete, Cacilda também trabalhava
com Audara Maria - tida como "esposa" de Seu Sete, Rosa Vermelha,
Cabocla Jurema, Vovó Cambinda, Ogum Delocó e Filimpo (Erê).
Dona Cacilda tinha uma rotina normal e se dividia entre
sua vida espiritual e seu trabalho. Nunca estava de mau humor, sempre trabalhou
para o bem de todos, dando coragem, orientando, ajudando a arrumar emprego,
dando comida aos necessitados, auxiliando a todos que a procuravam. Dizia ela:
“Eu Sigo a linha de meu Pai, Seu Sete só pede amor e paz, minha casa esta
sempre aberta para quem precise.”
Empresaria, compositora e radialista, Cacilda tinha um
programa na rádio metropolitana no bairro de Inhaúma - RJ. Líder em audiência
com um programa voltado para a religião espírita, em especial a Umbanda. Foi
neste programa que Cacilda cedeu o primeiro espaço para o hoje líder da
"Igreja Universal Reino de Deus", Edir Macedo, começar a evangelizar.
Em 1943 fundou seu primeiro terreiro em Cavalcanti, a
"Tenda Espírita de Umbanda Filhos da Cabocla Jurema" que ficou
conhecida como "Terreiro do Seu Sete", e foi onde a fama de Seu Sete
iniciou. Todos os sábados mais de mil pessoas iam tomar passes e buscar a cura
para as mazelas que lhes acometiam.
A fama de mãe Cacilda de Assis foi crescendo devido à
forma que as giras eram tocadas, pois, além das sessões de mesa, havia uma
animada roda de samba onde eram tocadas varias músicas populares brasileiras
que o Seu Sete gostava, vez que era um Exu com profunda ligação com a música e
que utilizava-se das mesmas para seus trabalhos de energização. Também, as
várias curas e milagres que o Exu vinha realizando despertou o interesse e a fé
de milhares de pessoas. Rapidamente começou a correr os boatos e a fama de
Cacilda e de Seu Sete crescia cada dia mais, tanto que vários famosos como, Tim
Maia, Freddie Mercury, Banda Kiss, Gretchen, vários políticos, atores,
jogadores de futebol foram visitar Seu Sete.
Um grande admirador de Seu Sete era o Jackson do
pandeiro, que fazia questão de contar a quem quer que fosse que o Exu havia
salvado sua vida, prevendo um acidente de carro que realmente acontecera. Fieis
de altas patentes da Força Aérea Brasileira se faziam presentes nas sessões. O
reconhecimento do trabalho de caridade era referendado em constantes homenagens
pelos mais diversos segmentos da sociedade, com troféus e honrarias, os quais
em nada abalavam a simplicidade e o ego da Mãe Cacilda.
Rapidamente o local onde eram feitos os trabalhos ficou
pequeno, e encontraram em Cascadura – RJ, um local maior. Ao pensarem em como
iriam conseguir meios para comprar o local maior, Seu Sete, durante uma sessão,
aconselhou um de seus filhos a comprar um bilhete de loteria federal, o qual
obedeceu rapidamente. Ao final da sessão esqueceu completamente do bilhete.
Passando pela rua, ouviu um vendedor gritando os números, ao se lembrar do
bilhete e conferir os números viu que havia ganhado na época Cr$ 400 mil. Com
esse dinheiro foi comprada a área onde foi construído o terreiro.
Como o terreiro em Cascadura também ficou rapidamente
pequeno, em 13 de junho de 1971, dia de comemoração a Santo Antonio e dia em
que era comemorado o dia do Seu Sete, com a presença de 18.000 pessoas, foi
inaugurado um novo terreiro em um sitio localizado em Santíssimo a 42 km do
centro do RJ. O acesso ao terreiro era péssimo e, em dias de chuva, ficava
praticamente intransitável. Para realizar a construção desse novo espaço foi
lançada uma campanha, a qual gerou muitas difamações e críticas. Mãe Cacilda
foi acusada de coisas que jamais fizera. Com muito esforço e trabalho a
Lira foi inaugurada, possuía proporções jamais vistas dentro da religião
Umbandista: 2.000 metros quadrados de cimento armado que abrigavam mais de 2.000
doentes sentados em um dos seus 770 bancos de madeira; em seu centro a maior
mesa de madeira do mundo, tendo 112 metros de comprimento em
"ziguezague" em cujas bordas se revezavam os doentes durante as
famosas "Mesa de Cura".
Como o acesso ao terreiro de Seu Sete era difícil, vários carros transitavam até o Posto de Gasolina "Sete da Lira" que existe até hoje, a partir dali varias kombis pegavam os fieis e os levavam até o terreiro. Era impossível se perder, pois haviam várias placas indicando o local e no caminho, haviam varias barraquinhas de vendas de lanches. Aproveitando o grande movimento no terreiro, alguns vizinhos faturavam, sem autorização de Mãe Cacilda, cobrando estacionamento dos fieis. Alguns chegaram a adquirir casas na localidade para poder ter um acesso mais fácil ao terreiro. Haviam pessoas que chegavam às cinco da manhã para poder ficar mais próximo da mesa de cura, e recebiam auxilio - comida e cobertores - da família de Dona Cacilda.
A fama de Seu Sete era tão grande que chegou a marca de
5.000 pessoas por sessão. Durante as sessões, o Seu Sete chegava a consumir de
40 a 60 litros de cachaça e 16 caixas de charutos. Entretanto, ao
desincorporar, Mãe Cacilda não tinha qualquer vestígio do uso do álcool e fumo,
sendo que ao final dos trabalhos permanecia tão normal e calma como quando no
início. As sessões duravam, em média, de 12 a 14 horas. A bebida era uma
importantíssima ferramenta de trabalho do Seu Sete, pois era utilizada
como um dos elementos para a realização das curas e descarregos. O
elevado consumo de álcool durante as sessões sem influenciar a Mãe Cacilda, se
dava em razão da “Coroa de Palha de Cana” que Seu Sete possuía. Através dela, a
ingestão desse elemento impedia que sua médium fosse afetada por seus efeitos.
Seu ponto riscado é um mistério até hoje, pois nunca foi revelado. Segundo informações ele esta guardado a sete chaves em sua tronqueira.
A fama de Seu Sete foi tão grande, que na década de 70,
vários eram os carros que transitavam com adesivos de um 7 preto em um fundo em
vermelho, demonstrando a devoção daquela família ao seu Sete da Lira.
Um dos momentos mais esperados pelos fieis em Santíssimo
era o “Pino da hora grande”, que ocorria exatamente a meia noite, momento em
que seu Sete realizava as preces e convidava seus fieis a realizarem um auto
exame de consciência, sempre dizendo “Olhem para dentro de si mesmos”. Essa
auto análise, muitas vezes revelava defeitos que seus fieis reconheciam
que só lhe davam prejuízos, acarretando os males que lhes afligiam.
Sem hora para acabar, a noite parecia pequena para Seu
Sete da Lira e seus fieis que varavam a madrugada sem qualquer sinal de
desânimo, aliás, muito pelo contrário. A Lira era uma grande festa na qual a
alegria contaminava a todos que cercavam o Protagonista das sessões de sábado à
noite em Santíssimo. Semanas após semanas, meses após meses e anos após anos
eram sempre assim. Para os “Setistas” era como se o tempo parasse, os problemas
eram deixados de lado e a emoção tomava conta de todos que, entre um “golinho”
e outro, de seu poderoso marafo se deixavam contagiar pela sagrada gira do Rei
da Música.
Incorporar o Exu Sete da Lira não era tarefa fácil, Dona Cacilda mantinha-se em jejum absoluto 24 horas antes das sessões, os paramentos de Seu Sete eram complexos e extremamente pesados e chamavam a atenção pela riqueza de detalhes: Capas que tinham em média 7 quilos, gorro que cobria os cabelos de Cacilda e que provavelmente produziam intenso calor em sua matéria; camisa; colete; calça; bota e cartola.
Por volta das 22 horas, os Ogãs recebiam o sinal de que
Seu Sete estaria pronto e assim faziam a saudação para iniciar os trabalhos. Já
incorporado desde o interior da residência de sua médium, Seu Sete ia
percorrendo com passos lentos e firmes o grande quintal que separava a casa de
seu congá. O campo de força do Seu Sete poderia ser sentido por quem dele
se aproximava emanando uma espécie de “ quentura energética”.
Durante o carnaval, Seu Sete era homenageado por várias
escolas de samba e blocos de carnaval do Rio de Janeiro, e haviam alguns que
eram comandados diretamente por ele, como o bloco “Os Carijós” que mais tarde
herdaria o nome de “Sete da Lira”. Em uma oportunidade, incorporado em plena
avenida, Seu Sete comandou o bloco. Inevitavelmente, atraia olhares, aplausos e
assovios da multidão que assistia. Nos sete dias que antecediam o inicio do
carnaval, Seu Sete realizava o "Ebó de Carnaval", geralmente
paramentado com fantasias nas cores verde e rosa comandava o ritual de limpeza
do corpo, da cabeça e dos caminhos, para proteção para o ano que praticamente
acabara de começar. Os confetes e serpentinas se destacavam no galpão durante
essa época, demonstrando a alegria que pode ser obtida através da música.
Como dito acima, Seu Sete recebia várias honrarias pelo seu trabalho de cura e
caridade, dentre eles um troféu de Rei do Carnaval, o qual ficava guardado em
sua sala de troféus, e que não era exposta ao público.
Após o Pino da hora grande, o momento mais esperado por seus fieis era a “Mesa de Cura”, momento em que Seu Sete ia, rodeado por seus cambones, andando por uma enorme mesa de madeira, jogando marafo nas pessoas que ali se encontravam e realizando seus descarregos e suas curas. Quando julgava necessário ia de pessoa em pessoa e pedia para cantar uma "marchinha de carnaval", enquanto a pessoa cantava ele realizava a cura. O fato de uma pessoa em dificuldades cantar uma música alegre, alterava seu padrão vibracional, o que facilitava a realização da cura.
Durante a sessão, Seu Sete ganhava constantemente
presentes de seus fiéis. Eram cartas, bebidas, charutos, etc., tudo como forma
de agradecimento pelos seus “milagres”. A mesa não tinha hora para acabar e às
vezes ia ate o amanhecer.
Uma das curas mais impressionantes praticada pelo Seu Sete, se deu com Luzia de
Assis, filha caçula de Cacilda, a qual nasceu cega e teve a visão devolvida
ainda criança em um dos primeiros "milagres" do Seu Sete. Várias
curas eras testemunhadas durante a “Mesa de Cura”, desde as mais simples até as
mais complexas como: câncer, cegueira, tetraplegia e paralisia entre muitos
outros.
As giras de sábado eram muito esperadas, pois possuíam um
destaque que era a marca de Seu Sete, após o Pino da Hora Grande e a Mesa de
Cura, por volta das 4 horas da madrugada, o terreiro virava uma festa onde eram
tocadas vários tipos de músicas, desde samba atá marchinhas de carnaval, mas
mesmo assim o Seu Sete não deixava de realizar seu trabalho de cura.
A Tenda Espírita Filhos da Cabocla Jurema tinha outras
sessões. As giras de Caboclo eram realizadas pela Cabocla Jurema, as giras de
Ogum pelo Ogum Delocó, as de Preto Velhos pela Vovó Cambinda, e as de Exu e
Pomba Gira pela Audara Maria e Rosa Vermelha.
"Muito mais severa que Seu Sete da Lira, Sra. Audara Maria comandava sua
gira com extrema beleza, mas também cobrava o que de errado estivesse
acontecendo no Terreiro e não media palavras para colocar tudo nos “eixos” e
até ditar punições. A Pomba-gira chegava colocando ordem na casa e advertindo àqueles
que "pisaram na bola" com Seu Sete ou com o santo em geral."
Os feitos de Seu Sete chegaram aos ouvidos de Flávio Cavalcanti, o qual rapidamente mandou sua produção até Santíssimo para convidar Dona Cacilda e Seu Sete para participar do programa, o qual aceitou sem hesitar. Seu Sete foi anunciado com todo estardalhaço de uma grande atração. Ao ver o anúncio, Chacrinha ficou louco para levá-la ao seu programa e mais o rápido possível mandou sua produção entrar em contato com Cacilda, a qual já era conhecida de Chacrinha.
No dia 29 de agosto de 1971 em plena Ditadura Militar e
data que marcou a historia da TV brasileira e da Umbanda, a produção de
Chacrinha chegou em Santíssimo muito antes do que a produção de Flavio
Cavalcanti, engabelou a Dona Cacilda dizendo que já havia conversado com Flavio
Cavalcanti para se apresentar antes na Buzina do Chacrinha. Enquanto Flávio
Cavalcanti andava de um lado para o outro a espera de Dona Cacilda. Incorporada
com o Seu Sete da Lira, Cacilda adentrou ao programa do Chacrinha, quando algum
"poder" realmente tomou conta das pessoas, pois a platéia, cantores,
assistentes de câmera, seguranças, contrarregras e outros entraram em transe,
desmaiaram ou foram "mediunizados" por exus e outras entidades.
Incorporada Cacilda saiu da Buzina do Chacrinha, levada pela produção de Flavio
Cavalcanti entrou em um carro acompanhada de seus cambones, e se dirigiu até as
emissoras da TV Tupi, quando nem bem tinha entrado no programa, o mesmo
fenômeno aconteceu: dançarinas, músicos, diretores e outros entraram em
transe.
Ocorreu também um suposto caso envolvendo o Presidente
Medici e sua Esposa. Relata-se que os mesmos estavam naquele dia assistindo o
programa em que Seu Sete da Lira participava, quando indignado o Presidente
disse que tomaria medidas contra Dona Cacilda. De repente sua esposa
levanta-se "incorporada" dá uma gargalhada, pede um champanhe e
uma rosa e lhe diz para "não mexer com quem não pode!"
Muitas foram as críticas lançadas contra a Mãe Cacilda
após a exposição do Exu na televisão. Muitos achavam apelação por audiência. Na
Censura Federal centenas de telefonemas de protestos e de narrativas de pessoas
que haviam entrado em transe em suas casas entupiram as centrais telefônicas.
Incomodada a igreja católica demonstrou sua indignação, pensando na imagem do
País no exterior. Reuniu sua cúria para debater o problema e a concessão
das duas emissoras de TV quase foram suspensas pelo governo, sob a alegação de
defesa da "moralidade" e dos "bons costumes".
E não somente a Igreja Católica ficou incomodada com a aparição de Seu Sete na
TV, mas o Conselho Deliberativo dos Órgãos de Cúpula de Umbanda acusou Mãe
Cacilda de Deturpar a religião e afirmou que Seu Sete não era da Umbanda,
pedindo maior censura aos programas de televisão.
A aparição de Seu Sete na TV, naquele agosto de 1971
causou tanta polêmica que vários críticos, artistas, arcebispos e até Pais de
Santo se pronunciaram a favor ou contra a presença desse guardião. Na imprensa
não se falava em outra coisa se não nesse grande fato. Cacilda foi alvo de
tantas críticas que decidiu, por fim, não expor mais Seu Sete na mídia e não
dar mais entrevistas, sejam escritas ou televisivas. Mas a imprensa insistia em
se infiltrar no terreiro de Seu Sete, e sempre publicava manchetes tendenciosas
para tentar denegrir a imagem e o trabalho de caridade que era exercido pelo
Exu.
À medida que as curas e milagres de Seu Sete iam criando
fama, cada vez mais as críticas iam aparecendo, principalmente da Igreja
Católica e da Censura Federal que diziam que Seu Sete era “Crendice Popular”,
baixo espiritismo, charlatanismo.
Depois de toda essa polêmica e "disse me disse" em 1983 Cacilda de
Assis resolveu voltar a dar entrevistas.
Fiel ao seu Guardião por toda uma vida inteira, Mãe
Cacilda de Assis, permanecia firme em sua missão de emprestar seu aparelho ao
grande Rei, que seguia obstinado em seu objetivo maior: prestar caridade a
todos que o procuravam. Apesar da avançada idade Dona Cacilda continuava cumprindo
sua missão com o Seu Sete, longe da mídia dos holofotes e esquecida por muitos,
porém, rodeada por devotos de muita fé.
Já com 82 anos, no inicio do ano 2000 Cacilda continuava
a cumprir sua missão, ia incorporada com Seu Sete dentro de uma
"Belina" direto de sua casa, até o terreiro para economizar forças
para a gira que se arrastava até de manhã. Seu Sete se manifestou publicamente
pela última vez em 2002, e em particular para a família Assis até 2009.
Para evitar que "marmoteiros" e mistificadores
incomodados com a fama de Seu Sete usassem a fragilidade e a fé dos fieis que o
seguiam, a família Assis registrou o nome e o logo do Seu Sete em “Marcas e
Patentes” da família. Como a popularidade de Seu Sete era muito grande, várias
pessoas diziam trabalhar com o mesmo Exu, e se aproveitavam da fé e inocência
das pessoas para tirar dinheiro e denegrir a imagem de Dona Cacilda. Inclusive,
teve até boatos que o Seu Sete teria a abandonado, o que é tido como absurdo
pela família!
Até os dias de hoje, existem matérias denegrindo a
história da Mãe Cacilda. Sobre a aparição de Seu Sete na TV, não existem
vídeos, todos os que foram gravados na época foram tirados da mídia e se
perderam com um incêndio que ocorreu no dia 04 de junho de 1976 devido a curto
circuito nas emissoras da TV Tupi e Rede Globo.
No ano de 2015 a Federação Espírita de Umbanda lançou uma nota de
esclarecimento pedindo desculpas à família Assis por ter falado que Mãe Cacilda
e Seu Sete não faziam parte da Umbanda e lançaram um vídeo contando a historia
de Mãe Cacilda e Seu Sete.
Hoje em Santíssimo, só resta o esqueleto do que era o "Terreiro de Seu Sete", mas a tronqueira permanece erguida aos fundos do terreno e em seu quintal há um conjunto habitacional chamado Sete da Lira, o qual é administrado por suas filhas e netas, sonho de Dona Cacilda.
O terreiro foi desativado após seu falecimento, pois, segundo informações, não
havia ninguém preparado para dar continuidade ao trabalho. Toda parte
espiritual, como imagem, roupas, etc, estão mantidas na casa particular da
família Assis.
Mãe Cacilda encerra sua missão no dia 21 de abril de 2009, com 92 anos, de morte natural. Deixa um legado de fieis que jamais irão esquecer o bem que ela realizou junto com Seu Sete Encruzilhadas Rei da Lira. Cada mensagem, cada palavra, cada aprendizado, cada milagre, cada cura realizada pelo Seu Sete estarão para sempre guardados no fundo do coração de cada pessoa que acompanhou de perto essa linda trajetória, junto com seu maior ensinamento “SEMPRE FAZER O BEM, SEM OLHAR A QUEM”.
Mãe Cacilda marcou a história da Umbanda e jamais será esquecida!
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